NELSON NERY Costa

(1959). Segundo Ocupante da Cadeira nº 33 da APL. Presidente da APL. 

(Teresina-PI, 21-03-1959). Pais: Ezequias Gonçalves Costa (1919-2005), que foi deputado federal, secretário de estado, advogado e empresário, por sua vez filho do empresário e político Gervásio Raulino da Silva Costa (1895-1986), e Maria da Glória Nery Costa(1927). Professor, jurista, historiador e contista. Depois de passar a infância em Brasília (1963-1971), ultimou seus estudos preparatórios no Colégio Diocesano (1972-1975), em Teresina, e no Colégio Santo Inácio (1976-1977), no Rio de Janeiro, e matriculou-se na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, bacharelando-se em ciências jurídicas e sociais (1978-1982). É casado com a arquiteta Lavínia Coelho Brandão Costa e tem por filhos o advogado André Brandão Nery Costa (1988), o engenheiro Ricardo Brandão Costa (1990) e a estudante de medicina Alice Coelho Brandão Costa (1996). Magistério. Mestre em direito constitucional pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1985), com a dissertação Desobediência Civil: desenvolvimento, análise e estudo de caso. Doutor em direito pela Universidade Lusíada de Lisboa (Portugal) (2008), com a tese A Banca e o Juro no Direito Brasileiro. Doutor em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão (2014), com a tese Política de Consumo: movimento social de defesa do consumidor no Brasil. Professor fundador (1986) e membro do Conselho Universitário da Universidade do Estado do Piauí (2010). Professor de ciência política (1987) e professor de direito público (1992), ambos por concurso público, e professor de direito administrativo do mestrado em gestão pública (2016), tudo da Universidade Federal do Piauí. Cargos. Presidente do Conselho Seccional do Piauí da Ordem dos Advogados do Brasil (1995-2002), presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Piauí (1993-1994), diretor da Escola Superior da Advocacia do Piauí (2006), conselheiro federal e presidente da Comissão da Advocacia Pública do Conselho Federal (2004-2006) e conselheiro seccional (1993-1994). Foi aprovado em concurso público e nomeado defensor público do estado (1986). Passou a defensor público de categoria especial (2005) e exerceu a função de defensor público-geral estadual (2007-2011), de presidente da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Piauí (1990-1991) e de tesoureiro da Associação Nacional dos Defensores Públicos (1999-2003). Três vezes presidente do Conselho Municipal de Cultura, membro do Conselho do Sistema Incentivo Estadual de Cultura (Siec) (2010) e membro do Conselho Estadual de Cultura do Piauí (2016). Diretor da sociedade profissional Almeida e Costa Advogados Associados (1996). Comendas. Tem a Medalha da Renascença do Estado do Piauí, no grau de oficial (1997) e no grau de grão-mestre (2008). Medalha Conselheiro Saraiva do Município de Teresina grau de oficial (1996), Colar de Mérito Jurídico do Tribunal de Justiça do Piauí (2002), Medalha da Ordem Piauiense de Mérito Jurídico do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região (2000), Medalha do Mérito Legislativo da Câmara Municipal de Teresina (1995), Medalha Ministro Sousa Cândido Mendes Júnior de Sócio Benemérito da Associação dos Magistrados do Estado do Piauí (1995), Medalha Prof. Darcy Fontenelle de Araújo do Ministério Público do Estado do Piauí (2008), Medalha da Ordem do Mérito Advocatício grau de ouro da Seccional do Pará da Ordem dos Advogados do Brasil (1996) e Troféu Clóvis Beviláqua da Seccional do Ceará da Ordem dos Advogados do Brasil (1995). É cidadão maranhense pela Assembleia Legislativa do Estado Maranhão e cidadão de Picos, Floriano, União e Água Branca, concedidos pelas respectivas Câmaras de Vereadores. Bibliografia. Publicou, pela centenária Editora Forense/Gen (Rio de Janeiro) Teoria e Realidade da Desobediência Civil (1990), em 2ª edição; Processo Administrativo e sua Espécies (1997), em 4ª edição; Direito Municipal Brasileiro (1999), em 7ª edição; Ciência Política (2001), em 3ª edição; Constituição Federal Anotada e Explicada (2002), em 5ª edição; Monografia Jurídica Brasileira (2005), com 2ª tiragem; Direito Civil Constitucional Brasileiro (2008), e em coautoria Comentários à Lei de Imprensa (2004), em 2ª edição, e Comentário à Constituição Federal de 1988 (2009), organizado por Paulo Bonavides e Jorge Miranda. Pela Editora Atlas (São Paulo), em coautoria, publicou Processo Administrativo: temas polêmicos da Lei nª 9.784/99 (2011) e, pela Editora Revista dos Tribunais (São Paulo), Doutrinas Essenciais Direito Ambiental (vol. III) (2011). Teve editado Política de Consumo: movimento social de defesa do consumidor no Brasil (2016), pela Editora Del Rey (Belo Horizonte), e A Banca e o Juro no Direito Brasileiro (2011), pela Editora Lusíada (Lisboa-Portugal).  Pela Editora Lawbook (São Paulo), Manual do Defensor Público (2010), em 2ª edição: Previdência do Servidor Público: regime próprio e comprev (2011), em 5ª edição: Direito Bancário e Consumidor (2008), em 2ª edição; Dicionário de Latim Forense (2010): Vademecum Jurídico (2011), em 7ª edição, e Vademecum Piauiense (2014). No Piauí, publicou O Começo do Piauí: os primórdios e a segunda metade do século XVII (2006), Constituição Estadual Anotada – 20 anos (2009) e outras obras, como Dez em Contos (2001). Pela Academia Piauiense de Letras, lançou Contos de Viagem (2017) e História Piauiense: aventura, sonho e cultura (2018). Ele colaborou com os jornais Meio Norte, O Dia, Diário do Povo e o Imparcial (São Luis). Escreveu, ainda, nas revistas jurídicas Revista dos Tribunais (São Paulo), Revista Forense (Rio de Janeiro), Revista de Direito Civil (São Paulo) e Polis (Lisboa- Portugal), bem como na Revista da Academia Piauiense de Letras (Teresina) e outras.

No discurso de Posse da APL, disse que:

Escrever é como ser um pouco de Deus. Na literatura, é moldar a humanidade e as pessoas, como se fossem de barro. Na ciência, é buscar a verdade, como abrir a caixa de Pandora, deixada por Prometeu. Escrever é um ato de amor. Não é fácil conciliar a atividade de escritor com outros serviços prestados.

Eu também sou advogado, defensor público, professor universitário e Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Não bastante, depois de um longo dia de trabalho, naquele momento solitário, sinto-me especial e, apesar do cansaço, ainda tenho forças para moldar o destino, o meu e o dos meus personagens.

Escrever depende da família. Da esposa, em especial, que deve achar difícil entender aquela solidão inexplicável. Dos filhos também, que imaginam o egoísmo paterno de não os atribuir o tempo longe do trabalho cotidiano. Todavia, Lavínia me olha e me compreende e isto é um estímulo imenso. André, Ricardo e Alice talvez ainda não me entendam, mas respeitam meu tempo e confortam-me na empreitada. Um deles perguntou-me por que passava tanto tempo em frente de um computador e eu lhe disse que talvez fosse pela mesma razão que ele atacava um “nintendo”, um misto do “hobby” e de missão.

A minha primeira ligação com o mundo acadêmico veio com Evaristo de Moraes Filho, ainda hoje integrante da Academia Brasileira de Letras. Ele foi examinador da minha tese de mestrado, em 1985, e, também, elaborou o mais belo prefácio das minhas obras, o que apareceu em “Teoria e realidade da Desobediência Civil”, cuja primeira edição é de 1990. Afirmou generosamente, que: “[…] embora sem violência; o enunciado de Nery Costa não é ingênuo nem ineficaz. A sua desobediência civil é a forma de pressão, de protesto, de rebeldia contra as leis injustas, os atos arbitrários da autoridade constituída. Pressão, protesto e rebeldia a esses capazes de levá-la à desestabilização e à mudança de governo injusto e opressor”. Foi este meu impulso em escrever, ter a honra de tão belo prefácio, justo de um imortal.

A Academia Piauiense de Letras, não obstante a primeira tentativa de sua constituição ser do início do século passado, foi fundada em 1917 e instalada no ano seguinte. Representou, sempre, o cenário dos maiores intelectuais piauienses. Não fui eu que a escolhi, apesar de sempre a desejar. Ela me tomou, juntamente com esses homens pobres, que me conduziram o destino, depois de cem anos da primeira tentativa de sua criação. Não sei se mereço tanta deferência. Afirmo, apenas, meu compromisso em honrá-la, frequentá-la e jamais deixar de escrever e de publicar.

Abdias da Costa Neves foi um dos seus fundadores e a ele coube o Cadeira 11, a qual ocupou primeiro, tendo como patrono João Alfredo de Freitas, Depois, foram ampliadas suas trinta cadeiras iniciais, passando a quarenta. Houve a feliz ideia de colocar o acadêmico como o patrono de Cadeira 33, que teve como primeiro e único ocupante, até agora, Wilson de Andrade Brandão. Sinto-me ligado a esses dois, por terem sidos juristas, historiadores e professores sendo esta, sem dúvida, a minha cadeira. Espero, apenas, ter condições de honrar o meu patrono e o meu antecessor.

Comentários 

Expondo, examinando e Interpretando a obra político-filosófica dos mais abalizados pensadores da humanidade, o estudo de Nelson Costa se legitima como assunto essencial de Ciência Política, com o aval que lhe dá a mesa de cientistas políticos do encontro da UNESCO, celebrado em Paris em 1946. Disse Latino Coelho que “um homem pensador é uma ideia viva”. De homens pensadores e de ideias vivas se compõe, pois, este livro que eu tive a honra de prefaciar. (Paulo Bonavides).

Fonte: COSTA, Nelson Nery. Curso de Ciências Políticas. Rio de Janeiro: Forense, 2001. COSTA, Nelson Nery. Teoria e Realidade da Desobediência Civil. 3ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2018, Coleção Centenário nº 100.
COSTA, Nelson Nery. Contos de Viagem. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2017, Coleção Século XXI nº 1.
COSTA, Nelson Nery. História Piauiense: aventura, sonho e cultura. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2018, Coleção 100ANOS nº 5.

Raimundo Nonato MONTEIRO DE SANTANA

(1926). Primeiro e Atual Ocupante da Cadeira nº 32 da APL. Presidente da APL. 

Político, professor e escritor, nascido em Campo Maior, Estado do Piauí (1926). Bacharel em Direito pela Faculdade do Ceará (1949). É diplomado,

também, pelo Institudo Superior de Estudos Brasileiros, em Economia Política e Sociologia. Ex-professor catedrático de Economia da Universidade Federal do Piauí. Lecionou, também, na Universidade Federal de Brasília e na Escola Superior de Guerra. Foi Prefeito Municipal de sua terra natal no período de 1951-1955. Na sua área de especialização profissional e cultural exerceu os mais importantes cargos e funções em nosso Estado, entre os quais destacamos: vice-diretor do escritório regional da SUDENE e secretário de Planejamento do Estado. O Escritor. Fundou o Movimento de Renovação Cultural do Piauí (1960) e o Centro de Estudos Piauienses (1957). Trabalha atualmente com o objetivo de fundar a Fundação de Apoio Cultural do Piauí. O professor Raimundo Santana desde jovem é inegavelmente um batalhador incansável em prol do desenvolvimento de nossa cultura. Pertence à Academia Piauiense de Letras cadeira nº 32, da qual foi seu Presidente. Membro do Conselho Estadual de Educação e do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense. Bibliografia. O Desenvolvimento Econômico Nacional na Teoria Econômica Geral, tese, 1959; Aspectos de Uma Ideologia para o Desenvolvimento; Introdução à Problemática da Economia Piauiense, 1957; A História da Obra de José de Alencar; A Evolução Histórica da Economia do Piauí, 1964; Vale do Longá e Perspectiva Histórica do Piauí, 1965, e Piauí: Formação – Desenvolvimento – Perspectivas, 1995.

O SALTO DO MILÊNIO

Este é o título do artigo de Joel de Rosnay, doutor em ciência e Diretor do desenvolvimento e das relações internacionais da “Cité des Sciences et de l’Industrie’’, em França, escrito em 1996, mas recentemente atualizado, no qual, trata, segundo pensa, dos choques enfrentados pelas sociedades industrializadas, em número de dois: a manifestação do universo imaterial e a emergência das pessoas. A exemplo da maioria dos pensadores atuais, ele faz sua leitura do mundo   limitada à contemporaneidade, marcada pela transição entre as sociedade industrial e “informacional”. Na zona de turbulência entre as duas, enfatiza a manifestação do poder dos grupos face ao poder centralizado e a das redes informáticas favorecendo a afirmação dos indivíduos face ao anonimato dos “usuários”.

A primeira dessas sociedades ele a caracteriza pela centralização dos meios de produção, pela distribuição em massa de objetos padronizados, pela especialização das tarefas e pelo controle hierárquico destas. Enumera em seguida os pilares que sustentam o contrato de trabalho na empresa: a unidade de local, de tempo e de função, que ora se despedaçam, tendo em vista a ocorrência da descentralização das tarefas, a dessincronização das atividades e a desmaterialização dasjrocas, que ora ocorrem, com o advento do chamado ciberespaço.”

A emergência das pessoas, ele a vê através do aparecimento de produtores/ consumidores de novos instrumentos interativos que multiplicam os poderes e a eficácia de cada um. Introduz, tendo em vista os novos instrumentos interativos, principalmente o computador pessoal, multimídia e comunicante, e os novos espaços de comunicação em que aparece a Internet, a idéia, em decorrência dessa lógica situacional, do que ele denota como “empresa unipessoal multinacional”, ou seja, uma pessoa dominando os instrumentos próprios das novas tecnologias comunicacionais e informacionais capaz de  concorrer com empresas já implantadas.

Trata, por fim, de dois aspectos realmente importantes: a impotência dos políticos diante da nova situação e das características do novo espaço econômico, social e cultural chamado de “ciberespaço”, para os quais as análises dos que vivem e racionam conforme o antigo modelo, tomado de empréstimo à geometria ou à mecânica, não bastam. São inservíveis.

A diferença cultural é exemplificada por ele com base no desenvolvimento da nova economia de redes. O esquema que regia a sociedade “industrialista” e a economia de mercado não pode mais ser aplicado. A economia mercantil não garante mais ao Estado os meios de que precisa, os quais, aliás, se tornam insuportáveis. Os “motores” do crescimento, por sua vez, deixaram de funcionar. Daí a manifestação de três graves fenômenos: a redução do crescimento econômico, o aumento do desemprego e a contestação do papel tradicional das elites políticas e econômicas.

Uma nova dimensão cultural emerge, cujo estudo se faz necessário a fim de que se possa construir com lucidez o mundo de amanhã. Em seus próprios termos, Joel de Rosnay arremata: o pensamento cartesiano, analítico, linear, sequencial e proporcional partilhado por tantos homens de decisão pertence ao passado. E conclui: a cultura da complexidade, integrante do novo paradigma, refere-se ao pensamento sistêmico, ao não-linear, ao multidimen- sional e integra a dinâmica dos efeitos de amplificação (In Jornal Meio Norte de 19-9-1999).

Fonte: MONTEIRO DE SANTANA, R. N. Evolução Histórica da Economia Piauiense e Outros Estados. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2018, Coleção Centenário nº 78.

HOMERO Ferreira CASTELO BRANCO Neto

(1943). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 31 da APL. 

Homero Castelo Branco, ou Homero Ferreira Castelo Branco Neto, nasceu na cidade de Amarante, Piauí, em 3 de abril de 1943, filho do Des. Herbert de Marathaoan Castelo Branco e de Hosana Pontes Castelo Branco. O que sabe de saber, seu pai lhe ensinou. O que sabe fazer, o Piaui lhe ensinou. Na universidade aprendeu a verdade. No interior piauiense, viu a injustiça. Sempre esteve sob a égide da ação e da defesa de novas ideias, desde universitário. Estudou Economia na Universidade Federal do Ceará, onde participou ativamente de movimento estudantil na década de 60, sendo presidente do Diretório Acadêmico “Nogueira de Paula” da Faculdade de Ciências Econômicas; presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará; membro do Conselho Universitário por dois anos, representando os estudantes universitários; membro da Comissão Central de Pesquisa; da Comissão Central de Ensino e da Comissão de Assuntos Econômicos para Estudo da Universidade Federal do Ceará. Por determinação do Conselho Universitário participou da comissão de Ampliação da Universidade Federal do Ceará (1966/1967). Estagiário da Superintendência do Desenvolvimento Econômico Cultural – SUDEC/Ceará; estagiário do ETENE – Banco do Nordeste do Brasil e do Departamento Estadual de Estatística DEE/Ceará. Tem Curso Intensivo de Cálculo e Estatfstlca Geral Superintendência do Desenvolvimento Econômico e Cultural – SUDEC/Ceará; curso sobre Profissão de Administração Staff, Consultoria e Projeto – Universidade Federal do Ceará e Instituto de Pesquisa Rodoviária; especialização em Desenvolvimento Industrial (duração de 360 horas), no The Geórgia Institute of Technology – E.U.A. Administração Municipal Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, Nova Leon no México; concluiu o Ciclo de Extensão da Escola Superior de Guerra do Estado Maior das Forças Armadas – Rio de Janeiro. Diretor Comercial da Rádio Difusora de Teresina; redator do jornal O Liberal em Teresina. Economista da Comissão de Desenvolvimento Econômico do Estado do Piauí; economista do Departamento de Ciências Econômicas do CCHL da Universidade Federal do Piauí. Professor do Liceu Industrial do Piauí e da Escola Técnica “Leão XIII”. Professor do curso de Formação Pedagógica para o pessoal docente do Ensino Técnico, das matérias: Introdução ao Desenvolvimento Econômico e Estatística Educacional da Diretoria do Ensino Industrial, Centro de Educação Técnica do Nordeste, com ação política voltada para discussão de novas propostas. Elege-se deputado estadual pela primeira vez em 1974, quando se integrou à Assembleia Legislativa do Piauí, exerceu o mandato seguidamente até o dia 1º de fevereiro de 2007.

Foi secretário de Planejamento do Município de Teresina, prefeito municipal de Teresina, subsecretário de Planejamento do Piauí’ secretário de Administração do Piauí, secretário de Fazenda do Piauí, secretário do Trabalho e Ação Social do Piauí. É cidadão honorário de 37 municípios piauienses e de Monterey no México. É condecorado em Nova Leon no México e Amarante de Portugal. Tem medalha do Mérito Legislativo, outorgada pela Assembleia Legislativa do Piauí; do Mérito Municipalista Piauiense, outorgada pela Associação Piauiense de Municípios; personalidade Cultural do Século, outorgada pela Academia de Letras da Região de Sete Cidades; sócio benemérito da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Piauí; Medalha de honra ao mérito “Heróis do Jenipapo” outorgado pela Prefeitura e Câmara Municipal de Campo Maior; Sócio honorário da Academia Campomaiorense de Artes e Letras, por sua valorosa produção literária, Medalha do Mérito Conselheiro José Antônio Saraiva, outorgada pela Prefeitura Municipal de Teresina; Medalha Mérito Legislativo, outorgado pela Câmara Municipal de Teresina; Homenagem Especial da Assembleia Legislativa do Piauí em reconhecimento da valiosa participação nos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1989. Certificado de reconhecimento da Associação Internacional de Lions Clubes; Láurea do Mérito cultural Firmino Teixeira do Amaral, da União Brasileira de Escritores do Piauí; Colaborador Emérito do Exército – 3o  Batalhão de Engenharia e Construção, Honra ao Mérito em reconhecimento pelos serviços prestados à Comissão de Desenvolvimento Econômico do Estado (CODESE), passo inicial da consolidação do Sistema Estadual de Planejamento; Mérito Cultural Poeta Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva; Mérito Cultural Bitorocara da Secretaria de Educação e Cultura de Campo Maior; Ordem do Mérito Pelicano de Ouro Lojas Maçónicas “Acácia Teresinense” e “Acácia Teresina II”; Comenda Cayru da Loja Maçónica “Fraternidade Campomaiorense”; Prêmio “Francisco Pereira”, da Academia Piauiense de Mestres Maçons (categoria Literatura e Civismo); participou da III Jornada de Integração Parlamentar Luso-Brasileira, realizada em Portugal e de vários outros seminários nacionais e internacionais. É maçom, foi orador, primeiro vigilante e venerável da loja maçônica “Caridade II”; Honra ao Mérito Parlamentar pela Grande Loja Maçônica do Piauí; Nome do plenário da Câmara Municipal de Marcolândia – Piauí; presidente do Jockey Club do Piauí; presidente do Lions Clube Teresina “Afonso Mafrense”. A produção literária de Homero é vasta e variada. São poucos os autores que conseguem, através da escrita, retratar com tanta fidelidade e leveza seus personagens. Parece até que você está assistindo ao desenrolar dos fatos onde o leitor imagina até o cenário onde acontecem. Escreveu e publicou os livros: Histórias do velho Homero; Auto Rosa; Padre Marcos; Temas de uma intensa vida parlamentar; Ecos de Amarante; Planejamento familiar e aborto:  uma  discussão  sem  hipocrisia;  100  dias  sem  rumo;  Agente  do desenvolvimento; João Paulo II; Do planalto a Guaribas; Voz do ontem; Grandes civilizações americanas; 2004 – Do sonho ao pesadelo; Acredito; Conversas soltas ao vento; Amor & outros males; Anjo ou demônio; Prevenção da cegueira; Ventos imprevisíveis; Instantes de eternidade; Alcides – o primeiro filósofo e o último coronel de Barras; Quando a porca torce o rabo; Sentimentos embalsamados; O Escritor; Imagem do Sol Poente e História do Piauí – Passageiros do Passado (2 volumes).

É membro do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí; da Academia de Letras do Vale do Longá; da Academia de Letras do Médio Parnaíba, da Academia de Ciências do Piauí e da Academia de Letras e Artes de Floriano e Vale do Parnaíba (ALBEARTES); membro efetivo e perpétuo da cadeira nº 31 – Patrono João Crisóstomo da Rocha Cabral, da Academia Piauiense de Letras; Membro do Conselho Universitário da Universidade do Estado do Piauí – representando a Academia Piauiense de Letras; autor da lei que inclui o dia 13 de março de 1823 na bandeira do estado do Piauí e da criação de oito municípios. Casado com Hilma Martins Castelo Branco com quem tem três filhos: Geraldo, Verônica e Hosana Karinne e quatro netos. Católico apostólico romano, embora negligente participante. Gosta dos deuses pagãos para quem tem cantado em suas odes, mas não conta com eles para o dia da morte, que teme como uma noite sem madrugada.

ÁLVARO dos Santos PACHECO

(1933). Terceiro e Atual Ocupante da Cadeira nº 30 da APL. 

Poeta, jornalista e político, nascido em Jaicós, Estado do Piauí (1933). Bacharel em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro (1958). O jornalista. No Piauí, manteve durante muitos anos uma coluna diária no jornal Folha da Manhã. Tem uma intensa atividade na imprensa carioca e paulista. Foi redator e crítico literário do Jornal do Brasil e do O Jornal. Colaborou com as revistas O Cruzeiro e Manchete. Fundou e dirigiu a Revista Arquitetura. Editor e empresário. Proprietário e fundador da Editora Artenova Ltda. (1962), um dos maiores parques gráficos do País. Proprietário da Empresa Artenova Filmes Ltda., produtora e distribuidora de filmes. Bibliografia. Suas poesias o situaram como um dos poetas mais expressivos de sua geração. Álvaro Pacheco estreou na literatura nacional em 1958, com o livro de poesias Os Instantes e os Gestos (1958), seguindo-se com Pasto da Solidão (1965); Margem do Rio Mundo (1966), poesias; O Sonho dos Cavalos Selvagens (1967); A Força Humana (1970); A Matéria do Sonho (1971); Tempo Integral (1973); O Homem de Pedra (1975); Balada do Nadador do Infinito (1984), obra premiada com o Prêmio Nacional de Literatura do Pen Clube do Brasil, 1985; Itinerários (1984); Seleção de Poemas, e por último lançou a Geometria dos Ventos (1992). Suas obras literárias alcançaram dimensão internacional, muitas delas estão inseridas um enciclopédias nacionais e internacionais. Num trabalho organizado pela União Brasileira do Escritores foi incluído entre os poetas mais importantes da atualidade, ao lado do Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes. Pertence à Academia Piauiense de Letras. Membro doConselho Federal de Cultura. O político. Suplente de senador pelo Piauí na legislatura 1987 a 1995. Esteve no exercício do mandato nos períodos de 03- 11-1987 a 16-11-1989 e retorna a 26-10-1992. Signatário da Constituição Federal promulgada no ano de 1988.

SÍNTESE

Tua alma é uma província estrangeira
como este corpo que se entrega ao teu
orgasmo
e nele entorpecido
se mantém no limite da loucura.
Teu corpo é uma estação desesperada
em que esta alma se embebeda e se sufoca
na terrível busca das visões – e da sua origem.

E neste leito onde assim se despedaçam
se realizam em síntese única e imponderável
a flor, a pedra, o caule, a chuva e as raízes.

SONETO LÍRICO

Escuta, ó minha amada, o tempo nunca para
e o sorriso mais puro definha e emurchece.
Quer seja alma generosa ou seja alma avara
quer seja anjo ou demônio, seja choro ou prece.

seja o dia escuro, seja a noite mais clara
quer seja o ódio que mata ou o amor que enlouquece
o destino insensato pra tudo prepara
o seu sopro fatal que aniquila e emudece.

Escuta, pois, ó amada, meu apelo enorme
acorda em tua alma teu desejo que dorme
e dissolve em meus braços teus sonhos fatais.

Vivamos com avidez o minuto que passa
amemo-nos por hoje, que tudo é fumaça
e nós dois amanhã não existiremos mais

(Os Instantes e os Gestos, 1958)

Comentários 

Encontro em O Sonho dos Cavalos Selvagens a confirmação de uma poesia que eu sentira viva e em desenvolvimento, e que agora se realiza em várias direções e experiências. O resultado é um impressão forte e duradoura. Poemas como “Mulher” encerram uma funda meditação lírico-existencial,em que o verso serve ao conhecimento, iluminando-o. (Carlos Drummond de Andrade)

Li os originais do seu novo livro, Balada do Nadador do Infinito, e quero louvar a originalidade do tema, o alto nível poético da forma, alcançado em clima de tensão que não decai ao longo dos numerosos poemas. Partindo do suicídio de um homem desconhecido, você como que teatralizou a angústia existencial em face do desconcerto do mundo. Saiu-se bem, sem resvalar nos lugares-comuns e no óbvio das coisas, ao entrecruzar vivências e ideias. Em resumo, não sacrificou a poesia com a abordagem fatual.

Esta Balada enriquece a sua obra literária, já valiosa. Mas não a subverte. Ajusta-se ao seu sentido geral, de alguma maneira clarificando-a. Parabéns. As inovações artesanais, as incursões no ministério demonstram que a sua poesia está em fase de plena vitalidade. (Vitto Raphael dos Santos)

MANFREDI Mendes de CERQUEIRA

(1925). Terceiro e Atual Ocupante da Cadeira nº 28 da APL. 

Magistrado, jurista, professor e conferencista, nascido em Piracuruca, Estado do Piauí, a 25-11- 1925. Pais: Francisco Paulo de Cerqueira e Judith Mendes Andrade Rocha. Bacharel em Direito pela Universidade de Minas Gerais. O Magistrado. Ex-promotor público das comarcas de Alto Longá, Buriti dos Lopes, Piracuruca e Teresina; advogado-geral do Estado; procurador da Justiça junto ao Tribunal de Contas. Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado (1978); presidiu o Tribunal Regional Eleitoral e o Egrégio Tribunal de Justiça. Na qualidade de presidente do Tribunal de Justiça do Estado, assumiu interinamente em setembro de 1990, as funções de Governador do Estado. Foi diretor da Escola da Magistratura Piauiense. Secretário de Interior e de Justiça do Estado. O Professor. Dirigiu o Ginásio Municipal de Piracuruca; chefe do Departamento de Ciências Jurídicas do Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Piauí; membro da Comissão Permanente do Concurso de Vestibular. O Jornalista. Um dos mais atuantes da imprensa teresinense, destacando a sua colaboração com preciosos trabalhos no campo social e jurídico entre os quais destacamos: A Pobreza em Face de Dois Códigos, Abandono Voluntário do Lar, Da Representação no Crime, Dano ou Incêndio. Bibliografia. Como o Direito É, 1989; Teoria e Prática Falimentar; Justiça Criminal; Matéria Eleitoral, 1989, e Estudos da Organização Judiciária, 1989. Pertence à Academia Piauiense de Letras, ocupando a cadeira nº 28.

Excerto extraído da Revista da Academia Piauiense de Letras, ano 1993, escrito pelo Professor Manfredi Cerqueira:

A REGRA JURÍDICA É PRODUTO DO ESPÍRITO

A regra jurídica é pensamental, abstrata, geral, impessoal, contendo uma declaração de vontade do Estado sob a forma de preposição normativa, que tem como base o “fato axiologicamente dimensionado”, no dizer do Professor Arnaldo Vasconcelos, em sua Súmula de uma Teoria da Norma Jurídica – Revista do Curso de Direito, volume XXIII/1, 1982.

Assim, a princípio o legislador sente o fenômeno social e procura discipliná- lo por meio da lei, visando à adaptação social. No entender do mesmo Professor, “a norma jurídica incide sobre o fato, resultando daí o Direito, do qual decorrerá a prestação como dever-ser ou a não prestação, uma vez não se realize o dever-ser. Verificada a não prestação, poderá ocorrer a sanção, que antecede obrigatoriamente e autoriza a coação”.

No entendimento de Pontes de Miranda, “Direito, Moral, Arte, Religião, Política, Economia e Ciências são funções sociais, e por meio delas o indivíduo consegue viver em sociedade; são os seus instrumentos de adaptação social; a própria Ciência entra naquele rol e não é essencialmente diferente dos outros”. Se o seu fim específico é conhecer com segurança, – religião e moral, estética e política também acertam, porque todas são atividades contidas na função geral adaptação. Há, apenas, a favor da Ciência, a vantagem da maior firmeza, que deriva da objetividade de seus métodos. A Moda também é processo social da adaptação, sem a principalidade dos outros – “Sistema de Ciência Positiva do Direito”, III, 59, nº 8, edição de 1972.

O Ministro Firmino Ferreira Paz defende o ponto de vista de que o Direito se distingue dos demais fatos sociais de adaptação, por ser preventivo ou extintivo de conflitos sociais – Incidência de Regra Jurídica, Lex, 1988.

Consequentemente, a regra jurídica é pensada, criada, elaborada pelo Estado, instituído para servirão homem em sociedade.

A propósito, Kohler, vendo na lei, que é a expressão do Direito, “uma autonomia funcional que exige do intérprete um preparo mental extenso e sólido, para bem determiná-la”, assim pontifica: “Interpretar, diz ele, é procurar o sentido e a significação, não do que alguém disse, mas do que foi dito”. Complementando este raciocínio, Lehrbuch afirma:

“É um erro supor que o pensamento é escravo da vontade. A expressão, que o traduz, nem sempre o expõe em toda sua extensão e profundeza. Deve-se atender a que, em nosso pensar, existe uma parte sociológica ao lado da individual. O que pensamos não é somente trabalho nosso, é alguma coisa de infinito, por ser o produto da ideação de séculos e milênios, oferecendo uma tal conexão de ideias que o próprio pensador não percebe. Não se tem atendido, convenientemente, à significação sociológica da lei, e ainda se supõe que, para a formação da lei, apenas atua a vontade de legislador, quando se sabe que não é indivíduo, mas, sim, o grupo social, que faz a história.

Mas as leis não se deve interpretar de acordo com o pensamento e a vontade do legislador, e, sim, sociologicamente, como produções do grupo social de que o legislador se fez órgão” – citado por Clóvis Beviláqua, Teoria Geral do Direito Civil, 3ª edição, Livraria Francisco Alves, página 53, 1946.

Insta reconhecer, com apoio em Petrocelli, que o Direito se realiza tendo como base a vontade do homem e por meio da vontade humana. E como afirmavam os Escolásticos, é ele um acidente pessoal.

Comentários 

Manfredi Cerqueiro é o exemplo de uma vida dedicada ao ensino, ao estudo do Direito, ao exercício de atividades públicas. Uma vida consagrada à cultura. Uma vida impregnada de nobres ideais que alentam a mocidade. Queremos realçar, sobretudo, nesta oportunidade, a faceta mais saliente de vosso espírito: o jurista, o estudioso do Direito, o Professor Universitário, o Desembargador. São atividades convergentes para um mundo em que operam os fatos na moldura das regras jurídicas, da norma disciplinadora da atividade social do homem e dos fenômenos que entram no plano da valorização jurídica. (Paulo de Tarso Melo e Freitas)

Fonte: Revista da Academia Piauiense de Letras, 1988.
CERQUEIRA, Manfredi Mendes de. É Preciso Filosofar. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2017, Coleção Centenário nº 97.

REGINALDO MIRANDA da Silva

(1964). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 27 da APL. Presidente da APL. 

Historiador, contista e cronista. Nasceu em 17 de agosto de  1964,  graduou-se em Direito  pela Universidade Federald o Piauí (1988). O Político. Foi vice-prefeito em sua terra natal. Bibliografia.

Bertolínea: história, meio e homens (1983); Cronologia histórica do município de Regenaração (2002); Aldeamento de Acoroás (2003); Piauí em Foco (2003); Vultos do História do Piauí (2004) e Arco do Velha (2004). Pertence à União Brasileira de Escritores (PI). Em 2002 foi agraciado com a Ordem do Mérito Municipal de Regeneração. Ex-Presidente da Academia Piauiense de Letras.

Excerto do seu discurso de posse na Cadeira nº 27 da Academia Piauiense de Letras, proferido no dia 18.10.2006:

Essa história de academia vem de longe. Foi na França pré-iluminista de Luís XIII (1601-1643) que nasceu e se consolidou a primeira academia de letras da Era Moderna. Nascida sob o gênio de Richelieu (1585-1642), teve inspiração etimológica na vetusta escola grega do filósofo Platão, fundada por volta do ano 387a.C., nos jardins que anteriormente teriam pertencido ao herói Akademus. Professando a dialética socrática ensinava aquele célebre filósofo grego, que o conhecimento nascia do questionamento e do debate.

Inspiradas nesse ensinamento da escola grega, nos primeiros anos do ministério do cardeal Richelieu (1624-1642) nasceram diversas instituições literárias em solo francês. Todavia, de existência efêmera, todas essas instituições desaguaram na fundação da famosa Académie Française, em 1635. Por questão de justiça, registre- se também a fundação de duas instituições efêmeras na Itália, que antecederam a Académie Française, quais sejam: a Academia de Florença, de 1570, e a Academia dei Licei, de 1609, todas desaparecidas sem maiores consequências.

De fato, foi a instituição francesa que serviu de modelo para diversas outras que foram organizadas, posteriormente, a exemplo das falecidas academias dos Generosos (1647) e dos Singulares (1663), em Portugal. No Brasil colonial, pode- se relacionar a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, na Bahia, em 1724, da Academia dos Felizes, no Rio de Janeiro, em 1736, e, por fim, novamente na Bahia, em 1759, da Academia Brasílica dos Renascidos, em nítida referência à anterior. Todavia, todas essas instituições desapareceram, somente sobrevivendo a francesa, que foi oficializada pelo Estado.

Depois dessas e de outras tentativas frustradas, sob a liderança de Lúcio de Mendonça, foi fundada a Academia Brasileira de Letras, nos moldes da francesa, com quarenta cadeiras e membros vitalícios. A sessão inaugural data de vinte de julho de 1897, presidida por Machado de Assis, eleito por aclamação. Desde então, cada Estado-membro tratou de criar a sua academia de letras. A do Piauí nasceu com certo atraso, vinte anos depois. A primeira tentativa de fundação data de 1901, sem sucesso. O segundo movimento que desaguou na fundação dessa academia de letras foi liderado pelo poeta e magistrado Lucídio Freitas, então residindo no Pará, quando de viagem ao Piauí. Inspirado no exemplo da academia de letras que ali vicejava, reuniu os intelectuais que viviam em Teresina, entre os quais seu pai Clodoaldo Freitas, grande referência literária daqueles dias e fundou a Academia Piauiense de Letras, cuja sessão inaugural foi realizada em trinta de dezembro de 1917. Estava, assim, criada e instalada a Academia Piauiense de Letras, sob a liderança já referida de Clodoaldo e Lucídio Freitas, contando com a adesão dos principais intelectuais piauienses, entre os quais, Abdias Neves, Higino Cunha, João Pinheiro, Jônatas Batista, Baurélio Mangabeira, e alguns outros. Ao longo do tempo, a “Casa de Lucídio Freitas”, como foi cognominada esta instituição cultural, abrigou os principais intelectuais e expoentes do Piauí, citando-se a título exemplificativo, entre os que já se foram, Esmaragdo de Freitas, Deolindo Couto, Cromwell de Carvalho, Mário Baptista, Celso Pinheiro, Fontes Ibiapina, Martins Napoleão, João Cabral, Camilo Filho, Cristino e Carlos Castelo Branco, Zito Batista, Odylo Costa Filho, Félix Pacheco, Renato Castelo Branco, Matias Olímpio, Gayoso e Almendra, Da Costa e Silva, Isabel Vilhena, Alvina Gameiro, Simplício Mendes, Arimatéa Tito Filho, Cláudio Pacheco e tantos outros.

Fontes: MIRANDA, Reginaldo. Aldeamento dos Acoroás. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2012, Coleção Centenário nº 7.

MAGNO PIRES Alves Filho

(1942). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 26 da APL. 

Advogado, jornalista e escritor, nascido no município de Batalha (PI), no dia 27-12-1942. Filho de Magno Pires Alves e Maria do Rego Lajes Alves. Bacharel em Direito pela tradicional Faculdade da Universidade

de Pernambuco e em Administração de Empresas pela Faculdade de Olinda. Foi membro do Serviço Jurídico da União, servindo na Consultoria Jurídica do Ministério das Comunicações. Em 20017, foi Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Assistência Social e do Trabalho – SEMDES de Timon – MA. Membro efetivo da Academia de Letras e Jornalismo do Estado do Piauí. Proprietário do Portal Magno Pires, criado em 2009. É atualmente, no Piauí, secretário de Administração do Governo do Estado (1998). Jornalista e articulista nos principais jornais de Recife, entre os quais, citamos: Jornal do Comércio e Diário de Pernambuco, e no Piauí nos jornais O Dia, O Estado, Diário do Povo e Meio Norte, todos de Teresina. O Escritor. Pertence à Academia Piauiense de Letras e à Academia de Letras do Vale do Longá. Bibliografia. O Piauí no Nordeste, crônicas, 1977; Promessas e Protestos, 1985; Ministro Petrônio Portela, crônicas, 1979, e Desabrochar das Rosas, 1996.

Fragmentos do seu discurso de posse na Cadeira nº 16, da Academia Piauiense de Letras, proferido em 05/10/1995, no Centro de Convenções:

O poeta Lucídio de Freitas foi um dos fundadores da Academia Piauiense de Letras-APL. Coincidindo a sua fundação com a eclosão da Revolução russa de 1917. E foi o sentimento poético de Lucídio que definiu a sua feição precursora no movimento literário piauiense e certamente galvanizou as ideias político-filosóficas que o mundo experimentava com o movimento comunista surgido no início deste século.

Daí, não podermos excluir a correlação existente entre a criação das academias de letras no Brasil e no Piauí e o surgimento de uma nova ordem sócio- político-econômica no mundo. A ordem social na Rússia, com os czares, favoreceu um movimento internacional às inovações de que estávamos a necessitar. A elite soviética abespinhou as camadas sociais desfavorecidas, injustiçadas, com a interferência e a espoliação das potências capitalistas e colonialistas representadas pelo Japão e a Inglaterra, dando origem à mais longa revolução, consequentemente à mais longa reforma de um Estado, que se tem registro na História recente da Humanidade.

Idealista e poeta, com inexcedível sensibilidade, transferiu ao pai, Clodoaldo Freitas, a incumbência de ser o presidente da novel Academia de Letras, juntando-se a outros expoentes da inteligência piauiense e brasileira, como Higino Cunha, Abdias Neves, Félix Pacheco e Olavo Bilac.

Talvez, acrescento eu, com espírito crítico construtivo, Lucídio Freitas, transferindo ao pai a presidência da Academia – pois declinou de ser o seu primeiro presidente – preferindo ficar no campo de ação intelectual e ideológica em defesa de suas ideias – que eram as da conjuntura de então – cuidar da consolidação, provavelmente burocrático, da novel academia.

Os idealistas – e Lucídio Freitas era um deles – prescindem de tudo o que material, temporariamente prestigioso, para defender as suas ideias, permanecendo ao lado destas em quaisquer circunstâncias. O próprio poema denuncia esta evidência.

Prescrutadoramente os olhos ponho no que fui, no que sou, no que hei de ser, E alucinado dentro do meu sonho, sinto a inutilidade do nascer. 

(De Lucídio Freitas em Vida Obscura)

Comentários 

Magno Pires vale uma das penas nobres e aprimoradas inteligências que o Piauí confiou à imprensa do Recife, projetado por sua interpretação séria dos problemas nacionais de maior evidência. (A. Tito Filho)

Fonte: Revista da Academia de Letras do Vale do Longá, 1995.

DAGOBERTO Ferreira de CARVALHO JÚNIOR

(1948). Terceiro e Atual Ocupante da Cadeira nº 25 da APL. 

Médico. Pesquisador (Arquivo Histórico Ultramarino/Instituto de Cultura e Língua Portuguesa-Lisboa). Historiador (Mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco). Natural  de  Oeiras,  Estado  do  Piauí  (1948).

“Historiador e intérprete da história política e social do povo do sertão de dentro e do Piauí”, prof. A. Tito Filho. Obras publicadas: História Episcopal do Piauí, 1980; Passeio a Oeiras, 1982; A Obstetrícia no Piauí, 1989; A Tábula de Retalhos no Piauí, 1990, e A Palavra e o Tempo, 1992. Opúsculos: José Luiz da Silva: de Cirurgião da Armada a Primeiro Médico do Piauí, 1980; Um Tempo do Recife, 1982, e A Cidadela do Espírito – considerações sobre a arte sacra na obra de Eça de Queiroz (1944). Pertence às seguintes instituições: Academia Piauiense de Letras, cadeira nº 25; Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco; Instituto Histórico de Oeiras; Comitê Norte- Nordeste de História da Arte; Academia de Artes e Letras de Pernambuco (Emérito); Instituto Histórico de Olinda; Instituto Histórico de Vitória de Santo Antão e à Sociedade Brasileira de Escritores Médicos – Regional do Piauí (presidente e fundador).

CATEDRAL DE OEIRAS (1733-1983)

Sinopse Histórica

A matriz de Nossa Senhora da Vitória de Oeiras é o primeiro templo regular do Piauí e a mais antiga igreja de todo o Estado. Sua construção data de 1733. A ereção canônica, de 1696. Nesse ano, criou D. Frei Francisco de Lima, Bispo de Pernambuco, jurisdição eclesiástica a que então se sujeitava todo o imenso Sertão de Rodelas, a Freguesia de Nossa Senhora da Vitória. O local escolhido, aceitas as sábias considerações do Padre Visitador Miguel de Carvalho em sua famosa Descrição do Sertão do Piauí, publicada, depois, por Ernesto Ennes em A Guerra dos Palmares, foi o Brejo da Mocha. A decisão, tomou-se na Fazenda Tranqueira em 11 de fevereiro de 1697, lavrando-se a ata que se transcreve pela importância documental do que para história registra:

Anno do Naçim.to de Nosso Senhor Je Chisto de mil e seissentos e noventa e sette aos honze dias do mês de fev.ro estando o R. do Vig.ro da Vara o Lecenciado Miguel Carvalho na faz.da do tranq.ra nas caza da morada de Antônio Soares Thouguiam, mandou vir perante si os moradores nomeados na Pastoral q. trazia do llustrissimo, e Reverendissimo senhor Bispo de Pernambuco, e em presença delles e dos mais Abayxo a asignados, a mandou ler, e declarar, por modo q. todos a entenderão e lhe pediu seos votos p. a eleição do lugar em q. se divia fundar a Nova Matris de Nossa Senhora da Victoria, e Conusultando entre todos, asentarão, votarão e detriminarão, que se fundaçe, e fizece a Ig.ja no Brejo, chamado a Mocha por ser a parte mais conveniente aos Moradores de toda a Povoação, ficando no meio della com iguais distançias, e Caminhos p. a todos os riachos e partes povoadas e detriminada a Sobre dita parte, se elegeu p. a todos os riachos e partes povoadas e detriminada a Sobre dita parte, se elegeu p. a lugar de Ig.ja e Cazas do R. do cura, o taboleiro que se acha pegado a passayem do Jatubá p. a a parte do todo o Breyo do sobre dito Riacho da Mocha, e de como assim o detriminarão Mandou o R. do Vig. Rio da vara fazer este termo, q. asignou com todos os que Baixo se Contem. E eu Antônio dos Santos e Costa escrivão eleito o escrivi.

 

Miguel D. Carvalho
Jozeph Gracia
Antº da Cunha Sotto Mayor
Francº Machado
Chistovão de Britto de S. Paijo
Antonio Soares Thouguia
Francº Cardoso da Rosa
Pedro Nunes Pinheyro
Pe. Alz dOlivrº
Ants Dantes de Azdº
Frc  Dias de Siqº
Antº Nunes Barreto”

 

Já a 2 de março de 1697, estava solenemente inaugurado, de taipa e pindoba, primeiro templo regular do Piauí em derredor do qual prosperaria a povoação do Mocha. Estava plantada entre nós a semente da fé. Esta capela primitiva constava, diz o termo, “de 24 palmos de comprido e doze de largo, feita com a decência possível…” Mas, já naquela data recuada em que “deu o Ver. Vigário da Vara posse ao novo Cura o Ver. licenciado Thomé de Carvalho e Silva, da nova capela, com todas as cerimônias costumadas de fechar e abrir portas, consertar altar, abrir e fechar missal, estender e dobrar corporais, dobrar e desdobrar ornamentos e ultimamente lendo publicamente ao povo a Provisão que trazia do Ilustríssimo e Reverendíssimo Senhor Bispo de Pernambuco”, benzeu também o Padre Miguel “um quadro que de redor da capela consignou com marcos de pedra para sepultura de defuntos e donde se há de fazer a nova igreja, o qual tem cem passos de comprido e sessenta de largo”. A atual matriz de Oeiras, igreja principal do Piauí, estava, portanto, nos planos imediatos dos fundadores da freguesia. Thomé de Carvalho, Vigário fundador foi quem a construiu, como hoje a temos, de pedra e saibro, inaugurando-a trinta e seis anos depois da bênção da primeira capela. O documento maior, é, sem dúvidas, a inscrição latina contida em arranjo floral sobre a portada da nave: HOC EST DOMUS DOMINI – FIRMITER AEDIFICATA ANNO DOMINI 1733.

A própria cidade é, bem podemos dizer, um presente da Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Criada a freguesia em 1696, definiu-se o povoamento. Em 1712, veio a Vila do Mocha que se instalou solenemente em 26 de dezembro de 1717. No ano seguinte criou-se a Capitania. Em 1758 nomeou-se o primeiro governador. Em 13 de novembro de 1761, impôs João Pereira Caldas, investido nessa função a 29 de setembro de 1759, o nome Oeiras à Vila do Mocha. Homenageava assim o Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, então Conde de Oeiras, depois Marquês de Pombal. À Capitania deu Pereira Caldas o nome de São José do Piauí, em honra de S. M. o senhor D. José. Oeiras foi a capital do Estado até 1852.

Também a história religiosa do Piauí prende-se de tal modo à Matriz de Oeiras que de uma não se pode falar sem que da outra muito se diga. Sede do Vicariato Geral do Piauí desde 1769 até o governo eclesiástico do Cônego João de Sousa Martins (1840-1871), foi a referida igreja cogitada inúmeras vezes para Catedral da Diocese do Piauí. Se a tal não chegou em virtude da mudança do governo temporal – a Diocese do Piauí só foi criada pela Bula Supremum Catolicum Eclesiam de 10 de março de 1901 – é, desde 1944, sede da Diocese de Oeiras.

As reformas porque passou a igreja não foram muitas nem a descaracterizaram a ponto de não a podermos ter como monumento maior do Piauí. De arte e de fé. De história, sobretudo. É monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e foi recentemente restaurada pelo Programa de Cidades Históricas e Coloniais do Nordeste, da Secretaria de Planejamento da Presidência da República.

Fonte: CARVALHO JR., Dagoberto. Estação Saudade: memórias recorrentes. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2015, Coleção Centenário nº 35.

TERESINHA de Jesus Mesquita QUEIROZ

(1955). Ocupante da Cadeira nº 23 da APL. 

Teresinha Queiroz é professora e escritora. Nasceu em Esperantina, Piauí, onde fez seus estudos primários e secundários. Os pais: Félix Cardoso de Queiroz e Joaquina Mesquita de Queiroz. Licenciada em História pela Universidade Federal do Piauí (1977) e Bacharelada em Ciências Econômicas pela mesma IES (1983). Fez mestrado em História do Brasil (1984) na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e doutorado em História Social na USP (1992). É professora da UFPI desde 1979, lotada no Departamento de Geografia e História do CCHL, leciona no curso de graduação em História, nas áreas de Teoria e Metodologia da História e Métodos e Técnicas de Pesquisa. Bibliografia: Economia Piauiense: da pecuária ao extrativismo, Teresina, APECH/UFPI, 1993; Os Literatos e a República: Clodoaldo Freitas, Higino Cunha e as Tiranias do Tempo, Teresina, Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994; A Importância da Borracha e da Maniçoba na Economia do Piauí: 1900-1900, Teresina, APL/UFPI, 1994; História, Literatura, Sociabilidades, Teresina, Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1998.

Comentários: 

Que realça neste livro (História, Literatura, Sociabilidades) admirável da Prof. Teresinha Queiroz, uma das argutas estudiosas de nossa história? Já nos havia ela proporcionado em estudo anterior – Os Literatos e a República: Clodoaldo Freitas, Higino Cunha e as Tiranias do Tempo – a dimensão do seu talento e os primores de sua cultura universalista, de sua capacidade investigativa, de seu estilo claro e elegante, dos mais perfeitos que temos entre os novos autores. “Agora, como se completa, neste painel admirável dos aspectos mais fascinantes de nossa história social, que é o processo de mudança operado do final do século passado para o início do atual em nossa vida social e política. (Manoel Paulo Nunes, ex-presidente da APL).

Fonte: QUEIROZ, Teresinha – História, Literatura, Sociabilidades. Editora Halley S. A., 1998. QUEIROZ, Teresinha (org.). Conversa com M. Paulo Nunes. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2012, Coleção Centenário nº 5.
QUEIROZ, Teresinha. Literatura, Sociabilidade. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2015, Coleção Centenário nº 27.

NILDOMAR da Silveira SOARES

(1937). Quinto e Atual Ocupante da Cadeira nº 22 da APL. 

(Teresina-PI, 1937). Professor, jurista e escritor. Bacharel em Direito pela Universidade do Brasil. Ex- Presidente da Ordem dos Advogados-PI. Ex-assessor Jurídico do Banco do Brasil, no Piauí. Assistente Jurídico da Prefeitura de Teresina. Professor da Escola Superior da Magistratura, no Piauí. Juiz Eleitoral substituto do TRE/PI. Bibliografia. Juizado Especial Civil – A Justiça da Era Moderna, 1996; Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Estado do Piauí, 1996; Princípios Elementares do Organização Jurídica do Estado do Piauí; e Eleição, 1998.

Excerto do seu discurso pronunciado por ocasião de sua posse na Academia Piauiense de Letras.

Ingresso no Templo de Lucídio Freitas com muíto orgulho, Estou consciente do papel de singular relevo que as Academias têm por desenvolver no novo milênio. Há, entre tantas missões, de engajar-se esta Academia na luta contra a “desnacionalização linguística”, como definiu o crítico literário Wilson Martins. Há que apoiar movimentos de Defesa da Língua Portuguesa. Há, portanto, que – com grandeza e autoridade – procurar resgatar o idioma da danosa da “desnacionalização” que desfigura a nossa língua, levando à errônea conclusão de ser pobre, sem beleza, vaga e limitada, quando dispomos de 400 mil vocábulos, aliás um número igual ao inglês, segundo o filólogo Antônio Houaiss. Há, em suma, demonstrar que o português é dotado de incontáveis recursos léxicos capazes de acompanhar as inovações, as novas descobertas e as infreáveis mudanças por que passam o mundo moderno. Por outra lado, não obstante seja a Academia Piauiense de Letras uma instituição emblemática da cultura piauiense, nada impede possa ela conciliar e manter atuantes as duas coordenadas da tradição e da modernidade que “hão de constituir as referências obrigatórias deste esforço sinérgico de harmonia; os elementos fundantes da tradição e a necessária renovação ditada pelo novos tempos”, segundo o acadêmico Tarcísio Padilha, da Academia Brasileira de Letras. Acrescenta aquele imortal que “a cultura brasileira se opulenta a cada geração”, levando-me a comungar do entendimento de que esta Academia “há de estar atenta às modulações das ideias, das crenças e dos valores para inserir na ação cultural a sua marca e o seu peso institucional, de modo a abrir-se crescentemente a um fecundo diálogo com as demais entidades culturais”, tudo em benefício do Piauí, na permanente busca da humanização da cultura deste povo.

Fonte: SILVEIRA, Nildomar. Livro do Centenário da Academia Piauiense de Letras. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2018, Coleção 100 ANOS nº 1.

DILSON LAGES Monteiro

(1973). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 21 da APL.

Dílson Lages Monteiro. Professor. Poeta. Romancista. Ensaísta. Nasceu em Barras do Marataoã em 1973. Filho de Gonçalo Soares Monteiro e Rosa Maria Pires Lages. Viveu a infância e a pré- adolescência na cidade natal, cuja paisagem física e humana deixou fortes marcas em sua literatura, assinalada tanto pela exaltação de elementos naturais e de costumes, quanto de contundente crítica social. Graduou-se em Letras pela Universidade Estadual do Piauí em 1994. Especializou-se em Língua Portuguesa (PUC-SP) e em Revisão de Textos (PUC-MG). Autor, até a data de edição desta obra, de 14 livros, passeando por gêneros diversos: da literatura infantil ao romance. São de sua autoria os livros: Mais Hum (poemas – 1995); Cabeceiras: a marcha das mudanças (estudo historiográfico – 1995) coautoria; Colmeia de concreto (poemas – 1997); Os olhos do silêncio (poemas – 1999); A metáfora em textos argumentativos (ensaio – 2001); O sabor dos sentidos (poemas – 2001); Entretextos (artigos e entrevistas – 2007); Texto argumentativo – teoria e prática (didático – 2007); Adiante dos olhos suspensos (poemas – 2009); O morro da casa-grande (romance – 2011); O rato da roupa de ouro (infantil – 2012); Ares e lares de amores tantos (poemas – 2014); Meus olhinhos de brinquedo (poema infantil – 2014); Capoeira de espinhos (romance – 2017).

Sua poesia pós-moderna apresenta claros traços neo-românticos, neo- simbolistas e principalmente surreais, com grande utilização dos tropos, principalmente da metáfora, empregada à exaustão. Sobre sua dicção poética, registrou em prefácio o professor de Teoria Literária da Universidade de Brasília Ricardo Araújo: A poesia de Dílson Lages tenta recuperar através do sentidos ‘O sabor das imagens’, propondo novas associações de imagens e aumentando, ampliando o horizonte de possibilidades metafóricas, ou seja, Lages cria novas metáforas buscando ilações inusitadas e auscultando os diversos sons provenientes destes seres peculiares que integram a personalidade humana de cada um de nós”. Segundo o crítico literário Rogel Samuel, em artigo sobre a poesia de Dílson, “É uma poesia mínima, reduzida ao mínimo, no minimalismo característico do pós- moderno, o nosso tempo (…). Esta poesia faz das coisas uma concretude e não uma imagem, pois a realidade é tanta que ‘a água na vidraça / despedaça…” e o mundo se descerra em ‘faces e disfarces’. Nesse caso, o silêncio é um consolo, pois serve para ‘arrancar o coração das paredes’”.

A prosa escrita por Dílson Lages Monteiro é marcada por nítido compromisso social, em que o memorialismo se alia ora ao lirismo, ora à sátira. Em conferência sobre a obra O morro da casa-grande, anota a professora universitária Rosidelma Fraga: “A retenção do tempo perpassa no romance, nas imagens das fotografias (outro código de linguagem) e, aos poucos, vai sendo reescrita e reinterpretada nos moldes da ficção em densidade lírica, mesclando romance e poesia. A identidade patrimonial da terra sacramenta-se na memória de um romancista que não consegue desvencilhar de sua grande sensibilidade de poeta, descortinando para o leitor um documentário histórico de várias gerações que viram os sonhos de fé e devoção destruídos. O leitor de alma vazada não consegue ficar alheio ao sentimento mais cruel e melancólico dos personagens que protagonizaram a amargura proveniente da demolição do lugar sagrado das famílias religiosas em Barras, Piauí”.

Dilson Lages é membro da Academia Piauiense de Letras, tomando posse em 2015, ocupando a cadeira de número 21 que tem como patrono Cônego Leopoldo Damasceno Ferreira.

Comentários 

Para o crítico Manoel Hygino dos Santos, que descreve com exatidão:

O morro da casa-grande trata-se de “um trabalho interessante, a que não faltam vocábulos praticamente não usados no Sudeste e no Sul, expressões bem próprias do interior piauiense. Um texto agradável, com uma narrativa que tem propósitos claros, entre os quais, o de proteger tanto quanto possível o legado das velhas gerações”

Fonte. Hoje em Dia, Belo Horizonte, 11.02.2010.

RAIMUNDO JOSÉ Airemoraes Soares

(1933). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 20 da APL. 

(São Pedro do Piauí-PI, 30-03-1933). Sacerdote e professor emérito. Curso de Filosofia no Seminário Maior de Olinda, Pernambuco. Diplomado em Filosofia pela Academia Romana de Santo Tomás

em Roma, Itália. Bacharel e licenciado (mestrado) em Sagrada Escritura, pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália. Bacharel e licenciado (mestrado) em Teologia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Curso de Extensão em Didática do Ensino Superior, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e curso de Doutorado (PhD) em Teologia Pastoral, pela Universidade de Montreal, Canadá. Encargos e atividades exercidas: membro do Conselho Estadual de Educação do Estado; coordenador Pastoral da Arquidiocese de Teresina; assessor nacional da CNBB para as áreas de Leigos, Juventude e Família; diretor do Instituto Nacional da Pastoral (RJ e BR); subsecretário-geral da CNBB para assuntos de Pastoral; assessor de Assembleias Gerais do Episcopado Latino-americano em Mar dei Plata, Argentina e Medelin, Colômbia; assessor dos Bispos do Brasil (CNBB) nos Sínodos Gerais do Episcopado Universal, em Roma; participante de reuniões e encontros internacionais sobre a Terceira Idade na Itália, na Colômbia e no Brasil; participante de Assembleias da Federação das Universidades Católicas do Mundo e da Federação dos Institutos de Filosofia e Teologia Católicas do Mundo, em Porto Alegre, Brasil e Washington; professor da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí; professor de Filosofia da Natureza em cursos de Pós- graduação na UFPI; diretor da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí. Exerce atualmente as funções de diretor de Estudos do Seminário Maior Sagrado Coração de Jesus, em Teresina. Membro do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Teresina. Vigário Episcopal de Teresina para Associações e Movimentos. Assistente Nacional do Instituto Secular “Caritas Christi”. Pertence a Academia Piauiense de Letras cadeira nº 20.