Maria NERINA Pessoa CASTELO BRANCO

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(1935). Primeira e Atual Ocupante da Cadeira nº 35 da APL.

Poetisa, contista, cronista e professora, nascida em Teresina (1935). Bacharela em Direito. Tem licenciatura em Filosofia. Professora titular na Universidade Federal do Piauí. Membro do Conselho Estadual de Cultura.

Pertence à Academia Piauiense de Letras, ocupando a cadeira nº 35, cujo patrono é Antônio Alves Noronha. Bibliografia. Poesias Modernas I e II, 1964-1965; Cruviana, 1979; Outros Poemas, 1981, e Além do Silêncio, 1994.

O ENCONTRO DO NADA

Porque procurei a vida toda
Aquilo que não pude encontrar
Hoje, sem esperanças – nenhuma luz verde em meus caminhos,
Estou farta desta interminável procura,

Que vai sempre de encontro ao nada!
É possível assim tanta doçura,
Extravasar-se ao léu das coisas,
Sem ritmo, sem objetivo, sem nada, enfim?

É possível entregar-se então ao extermínio,
Desmaterializar-se o corpo quando no final da vida,
Sem levar desta vida uma lembrança?

É possível, sim. É a verdade das coisas,
Uma profusa confusão.
E os complexos…?
Tudo assim, ânsias.
Ao encontro do nada…

DOIS POEMAS PARA DEPOIS…

Quero toda a sensibilidade do mundo,
Entre mim, você e o infinito…
Nada mais! Como exceção,
Os voos dos pássaros

Tão bom meu mundo de lembranças,
Sem amargores e maus presságios;
Feliz, inteiro, no conjugar do verbo amar…

Tão bom meu mundo pretérito,
Que me trouxe ao hoje,
No afago da luz metafísica,
De tudo quanto é bom…
FELIZ, inteiro, no conjugar
Do verbo amar…

(Do livro inédito O Mundo Pretérito)

Comentários 

Cruviana é uma coleção de contos de Nerina que tocam profundamente os nossos sentimentos telúricos. São estórias, fatos, passagens pitorescas, tipos populares, costumes, que nos levam ao passado, a reminiscências, entre os quais citamos: Maria Sapatão, 0 Frutuoso, cenas folclóricas e tradições religiosas; Clube dos Diários e a Vesperal das Seis: a Velha Salamanca. São contos e estórias de episódios bem sentidos, traduzidos com muita sensibilidade por uma escritora que além de ser uma primorosa poetisa, aparece em Cruviana como uma cronista que soube exteriorizar no seu livro todo sentimento que lhe ia n’aima, e o fez como só fazem os bons cronistas. (Wilson Gonçalves)

Fonte: CASTELO BRANCO, Nerina. Outras Poesias e Além do Silêncio. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2014, Coleção Centenário nº 51.