REGINALDO MIRANDA da Silva

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(1964). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 27 da APL. Presidente da APL. 

Historiador, contista e cronista. Nasceu em 17 de agosto de  1964,  graduou-se em Direito  pela Universidade Federald o Piauí (1988). O Político. Foi vice-prefeito em sua terra natal. Bibliografia.

Bertolínea: história, meio e homens (1983); Cronologia histórica do município de Regenaração (2002); Aldeamento de Acoroás (2003); Piauí em Foco (2003); Vultos do História do Piauí (2004) e Arco do Velha (2004). Pertence à União Brasileira de Escritores (PI). Em 2002 foi agraciado com a Ordem do Mérito Municipal de Regeneração. Ex-Presidente da Academia Piauiense de Letras.

Excerto do seu discurso de posse na Cadeira nº 27 da Academia Piauiense de Letras, proferido no dia 18.10.2006:

Essa história de academia vem de longe. Foi na França pré-iluminista de Luís XIII (1601-1643) que nasceu e se consolidou a primeira academia de letras da Era Moderna. Nascida sob o gênio de Richelieu (1585-1642), teve inspiração etimológica na vetusta escola grega do filósofo Platão, fundada por volta do ano 387a.C., nos jardins que anteriormente teriam pertencido ao herói Akademus. Professando a dialética socrática ensinava aquele célebre filósofo grego, que o conhecimento nascia do questionamento e do debate.

Inspiradas nesse ensinamento da escola grega, nos primeiros anos do ministério do cardeal Richelieu (1624-1642) nasceram diversas instituições literárias em solo francês. Todavia, de existência efêmera, todas essas instituições desaguaram na fundação da famosa Académie Française, em 1635. Por questão de justiça, registre- se também a fundação de duas instituições efêmeras na Itália, que antecederam a Académie Française, quais sejam: a Academia de Florença, de 1570, e a Academia dei Licei, de 1609, todas desaparecidas sem maiores consequências.

De fato, foi a instituição francesa que serviu de modelo para diversas outras que foram organizadas, posteriormente, a exemplo das falecidas academias dos Generosos (1647) e dos Singulares (1663), em Portugal. No Brasil colonial, pode- se relacionar a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, na Bahia, em 1724, da Academia dos Felizes, no Rio de Janeiro, em 1736, e, por fim, novamente na Bahia, em 1759, da Academia Brasílica dos Renascidos, em nítida referência à anterior. Todavia, todas essas instituições desapareceram, somente sobrevivendo a francesa, que foi oficializada pelo Estado.

Depois dessas e de outras tentativas frustradas, sob a liderança de Lúcio de Mendonça, foi fundada a Academia Brasileira de Letras, nos moldes da francesa, com quarenta cadeiras e membros vitalícios. A sessão inaugural data de vinte de julho de 1897, presidida por Machado de Assis, eleito por aclamação. Desde então, cada Estado-membro tratou de criar a sua academia de letras. A do Piauí nasceu com certo atraso, vinte anos depois. A primeira tentativa de fundação data de 1901, sem sucesso. O segundo movimento que desaguou na fundação dessa academia de letras foi liderado pelo poeta e magistrado Lucídio Freitas, então residindo no Pará, quando de viagem ao Piauí. Inspirado no exemplo da academia de letras que ali vicejava, reuniu os intelectuais que viviam em Teresina, entre os quais seu pai Clodoaldo Freitas, grande referência literária daqueles dias e fundou a Academia Piauiense de Letras, cuja sessão inaugural foi realizada em trinta de dezembro de 1917. Estava, assim, criada e instalada a Academia Piauiense de Letras, sob a liderança já referida de Clodoaldo e Lucídio Freitas, contando com a adesão dos principais intelectuais piauienses, entre os quais, Abdias Neves, Higino Cunha, João Pinheiro, Jônatas Batista, Baurélio Mangabeira, e alguns outros. Ao longo do tempo, a “Casa de Lucídio Freitas”, como foi cognominada esta instituição cultural, abrigou os principais intelectuais e expoentes do Piauí, citando-se a título exemplificativo, entre os que já se foram, Esmaragdo de Freitas, Deolindo Couto, Cromwell de Carvalho, Mário Baptista, Celso Pinheiro, Fontes Ibiapina, Martins Napoleão, João Cabral, Camilo Filho, Cristino e Carlos Castelo Branco, Zito Batista, Odylo Costa Filho, Félix Pacheco, Renato Castelo Branco, Matias Olímpio, Gayoso e Almendra, Da Costa e Silva, Isabel Vilhena, Alvina Gameiro, Simplício Mendes, Arimatéa Tito Filho, Cláudio Pacheco e tantos outros.

Fontes: MIRANDA, Reginaldo. Aldeamento dos Acoroás. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2012, Coleção Centenário nº 7.